Vivemos numa era em que a informação sobre saúde deixou de ser exclusivamente transmitida por profissionais para se transformar num território aberto, onde qualquer pessoa pode assumir o papel de especialista.
E, no meio desse ruído, surgem certezas incalculáveis, bradadas com convicção quase religiosa.
Afinal, o que significa “ser saudável” hoje?
Se percorrermos as redes sociais, encontramos uma multiplicidade de caminhos — cada um apresentado como o único verdadeiro:
- alimentação exclusivamente vegetal;
- dieta carnívora;
- jejuns prolongados;
- suplementação intensiva;
- hormonas bioidênticas;
- anti-aging agressivo;
- atletismo extremo;
- exercício suave e consciência corporal;
- espiritualidade com abstinências várias;
- megadoses de vitaminas;
- protocolos de detox;
- e tantos outros.
O paradoxo das certezas
Mas será que existe realmente um único caminho?
A ciência, a experiência clínica e a observação humana mostram repetidamente que não.
A saúde não é um conceito estático
A verdadeira compreensão da saúde não cabe numa fórmula única.
Ela depende de:
- genética,
- microbiota,
- história emocional,
- contexto social,
- estado hormonal,
- idade,
- experiências passadas,
- ritmo de vida,
- e até de valores pessoais.
A saúde é um fenómeno dinâmico, complexo e profundamente individual.
O perigo das modas e das soluções absolutas
Além disso, a promessa de “cura total” tende a ignorar o facto de que a saúde é influenciada tanto por fatores físicos como emocionais e ambientais.
Quando uma abordagem é vendida como “infalível”, o que vemos não é ciência — é marketing.
O princípio que raramente se discute: a individualidade
Dentro da Homeopatia — bem como noutras abordagens integrativas — existe uma noção antiga, mas profundamente atual:
Cada pessoa é um universo, e cada universo precisa de um caminho próprio.
A verdadeira saúde nasce de autoconhecimento, observação, escuta e adaptação.
Entre a rigidez das modas e a fluidez da vida
- O que o meu corpo precisa agora?
- O que me traz harmonia?
- O que me desgasta?
- O que me fortalece?
- O que faz sentido para mim, e não para a multidão?